A vulnerabilidade na terceira idade
Vulnerabilidade é uma expressão pouco usada em marketing e consumo, ela se distancia dos desejos e das aspirações dos consumidores. Mas quando se lida com públicos maduros a vulnerabilidade precisa ser levada em conta e ser melhor compreendida.
Pessoas maduras se tornam cada vez mais vulneráveis diante de um mundo que não foi planejado para eles. E quanto mais maduro, maior o grau de vulnerabilidade e as instâncias em que ela se apresenta.
Com o passar dos anos a vulnerabilidade física aumenta, com maiores dificuldades de locomoção, visão, audição e várias outras funções corporais. Não falo apenas de gravidade extrema, mas de elementos que pouco a pouco se incorporam à vida das pessoas que gradativamente amadurecem e envelhecem.
Em uma entrevista recente uma consumidora me disse que escolheu determinado supermercado para suas compras semanais por conta do atendimento atencioso, da facilidade de estacionar o carro que seu marido tanto cuida e pela proximidade de sua casa. Só depois de estimulada ela citou preço e sortimento…
A adequação do espaço a esse casal de maduros é a causa de sua lealdade. Essa sensação de bem estar e de respeito às suas características se sobrepõe (mas não elimina) as escolhas por preço e sortimento.
Mas é preciso cuidado com um retrato incompleto. Não retratar o consumidor maduro como simplesmente vulnerável. Como escreveu Sally Gadow, da Universidade do Colorado, “a fragilidade é dialética” (Cruikshank, 2009). A presença dos elementos de vulnerabilidade no indivíduo é acompanhada por força e vida, por um espírito de permanecer quem se é e “não envelhecer”. Como me disse a mesma entrevistada, ser idoso é algo tanto físico quanto de espírito e ela, aos 71 anos, completamente cheia de vida, enxerga a velhice nos outros, ainda que ciente das suas próprias vulnerabilidades.
Essas sutilezas fazem toda a diferença para os indivíduos maduros. E mais ainda para quem deseja conhecê-los e servi-los bem com espaços de consumo, produtos, serviços, experiências e atendimento.
Benjamin Rosenthal