Arquivos Mensais:dezembro 2012

Otimismo e envelhecimento saudável

“whether you think you can or you think you can’t, you’re right.” Henry Ford

 

Se alguém disser que não vale a pena ser otimista em relação à vida, duvide. Já li em estudos que pessoas pessimistas são mais precavidas, mas isso é reducionismo barato. Pelo menos na área da saúde e do envelhecimento, otimismo faz bem. Dois dados interessantes me levaram a escrever esse post.

O primeiro, revelado no último censo brasileiro, é que existiam mais pessoas com 70 anos do que com 69, assim como existiam mais pessoas com 80 anos do que com 79. Curioso, pois nas demais unidades etárias, a cada ano que passava, existiam menos pessoas (em função do inevitável…).

Quais as explicações? Eu não sei todas, mas o otimismo de chegar aos 70 ou aos 80, a força de vontade que acompanha o otimismo, é uma delas. Em qualquer entrevista que se faça com pessoas acima de 65 anos uma coisa é frequente: chegar a determinados marcos na vida tem um significado importante. E 80 é uma idade linda. 90 idem. Eu mesmo quero chegar aos 100…

O segundo dado é que otimismo faz bem à saúde e aos hábitos das pessoas, acima ou abaixo de 60 anos. Segundo a OMS o otimismo, a presença de expectativas positivas em relação à vida, tem uma relação direta e indireta com a saúde geral das pessoas.

Otimismo faz parte de um conjunto de fatores pessoais que, junto com outros fatores econômicos, comportamentais, do ambiente físico, sociais e relacionados a serviços sociais e de saúde, constroem um envelhecer ativo e saudável.

Envelhecimento ativo é uma das palavras de ordem para quem estuda os fenômenos do envelhecimento e está na pauta de governo e sociedade de forma mais ampla. Envelhecer é bom, ninguém deveria temer, no mínimo pelo caráter inexorável da questão.

 

Benjamin Rosenthal

Lost in Translation

Todos viram… Bob Harris (Bill Murray) era um homem de 50 anos, deslocado em Tóquio, esbarra com Scarlett Johansson e vive uma paixão platônica pela loira (só ele…). Anda com os amigos dela para karaokês, clubes e bares, todos eles muito jovens e cansativamente ultra-hypes, do meio da moda e da publicidade. Mas, apesar de ser ator e estar no Japão para ganhar seu $$ em comerciais de uma marca de uísque (“Make it Suntory...”), ele não tem nada com aquilo, aquele não é seu mundo e, fora Scarlett, nada ali parece encantá-lo de fato.

http://www.youtube.com/watch?v=vSPO2l8HUBU

Quem é Bob Harris? Alguém da 2a idade? Que está no mercado de trabalho conquistando sua posição, independência, construindo sua identidade profissional, seu capital social? Alguém que tem pela frente 20 ou 30 anos absolutamente imprevisíveis? Seus valores são semelhantes aos desses jovens de 25 ou 35 anos?

Já é alguém que se aproxima da 3a idade, que já cumpriu seu grande ciclo e busca novos projetos de vida, reconstrói sua identidade, se reconecta a um cotidiano de novas rotinas, responsabilidades, assume novos papéis? Bob Harris se imagina em breve tendo espaço em fila preferencial? É óbvio que não…

Bob Harris está mais que lost in translation, ele está perdido entre dois mundos que não são o seu. Não há ainda um termo para essa “idade 2.5” que milhões de Bob Harris (ainda que sem o charme de Bill Murray) vivem. Boomers, Pleasure Growers, Family Activists, Novos 30… quanto mais termos escutamos menos entendemos Bob Harris.

A GAGARIN não tem a pretensão de cunhar marketeiramente termo nenhum. Como já se viu, nem gostamos de termos. Nós apenas investigamos os novos 50 e para nós está claro que ele são complexos, vividos, aí-para-muito-mais, incomodados, nem jovens, nem velhos, muito menos “resolvidos”, um público sobre o qual se pode cada vez mais construir retratos interessantes.

A cada vez que revejo, sofro e torço para que o Bob fique com a Scarlett…

Benjamin Rosenthal

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