Arquivos Mensais:novembro 2013

Design para uma velhice mais longa e ativa

O envelhecimento da população vai trazer uma série de conseqüências para a “indústria do morar”, um grupo vasto de negócios que envolve incorporadoras, indústria moveleira, eletro-eletrônicos, decoração, pintura, tecnologias de habitação e uma série de serviços ligados à manutenção de nossas vidas em uma residência.

Mas eu não falo apenas de adaptações para os muito idosos que precisam de cuidados médicos e possuem pouca mobilidade. Essas também são importantes e envolvem quartos que permitam receber cuidados médicos,  pisos anti-derrapante, banheiro com chuveiros para cadeirantes, corredores mais largos, entre outras necessidades, até mesmo centros de cuidados diários que se aproximam do que os pais hoje conhecem como creche (mas certamente sem essa conotação). Não somente as residências terão que se adaptar mas também alguns condomínios voltados a esse setor poderão dispor de serviços compartilhados (esqueça o espaço Kids; pense no espaço Old).

As residências pensadas para vidas que evoluem dos 50 para os 60, 70, 80… terão que possuir luminosidade natural e artificial mais eficiente, na medida em que a visão se torna menos precisa. Mas soluções arquitetônicas que servem a todos não são suficientes – é preciso pensar projetos a partir da necessidade de cada pessoa ou, pelo menos, a partir das características específicas de cada grupo. Senhoras de Higienópolis não são como as do Upper East Side (fora no bolso…). E os modelos de residência muito inspirados nos EUA podem não ter nenhum apelo para brasileiros ou indianos.

Programas como Ageing in Place em Singapura e Lifetime Holmes na Inglaterra já começam a estabelecer os padrões de uma moradia pensada para o idoso em termos de acessibilidade e segurança. Empresas de arquitetura começam a se especializar nesse setor, claramente promissor.

E, se em uma primeira reflexão tudo isso parece ser arquitetura dedicada à “solução de problemas”, na verdade não precisa ser dessa forma. Os japoneses Arakawa e Gins, por exemplo, trouxeram sua filosofia de espaços para estimular mais do que para assistir ao idoso, com disposição de ambientes, portas e cores pensadas para estimular os sentidos do indivíduo, na verdade para estimular sua própria relação com suas posses e sua vida. Se esses arquiteto chegaram talvez em um limite extremo de imposição do meio ao que o indivíduo pensa, sua proposta é conceitualmente interessante (os netos adorariam uma residência como essa da foto…). Afinal, a vida é para ser vivida ativamente e uma residência precisa cumprir sua função nesse propósito.

Benjamin Rosenthal

 

 

 

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