Arquivos Mensais:dezembro 2013

Planejando o velho que serei

Olhar tantas pessoas colocando suas fotos de criança (ou dos filhos) quando passou o 12 de outubro me alegrou. Sou saudosista e guardo as maiores lembranças de uma época feliz da vida.

Mas não pude deixar de notar que, quando se passou o dia do idoso, muito menos pessoas colocaram as fotos de seus avôs e avós. Isso não é uma crítica, quem sou eu para dizer o que é certo ou errado, raramente adoto posturas morais diante de pessoas, sou falho demais para isso. Também não coloquei uma foto dos meus…

Minha intenção é outra – é entender porque isso acontece. Da mesma forma que o novo nos encanta, que uma criança desperta o melhor em nós, o velho nos assusta e dele nos afastamos. A conceituação desse movimento de afastamento pode ser buscada no Ageismo – um termo criado para explicar e denunciar o preconceito que temos diante do velho e do envelhecimento.

Uma história que adoro é contada por Gullette (2004). Em uma exposição (Face Aging) um software simulava como seria uma pessoa na evolução biológica de sua vida, aos 20, 30, 40, 50 e 60 anos (depois o software para, talvez para não estragar a exposição…). A uma criança foi perguntado “o que você achou disso?”. Sua resposta, típica das crianças, foi “eu não quero envelhecer!”.

Como isso não é possível (e nem desejável), devemos nos acostumar com os velhos que seremos, devemos preparar esse velho para viver bem e devemos nos encantar com eles, afinal vai ser do que fizermos hoje que chegaremos até eles. A velhice não apenas chega, ela pode ser preparada, ainda que jamais controlada (há o acaso…).

Assim, eu deixo aqui uma foto – é a de Roger Allsopp, um ex-cirurgião já aposentado que em 2011 se tornou o nadador mais velho a cruzar o canal da mancha, em 17 horas e 51 minutos. Que em 2014 eu volte a ser um nadador mais ativo. E reflita e me prepare melhor para meus 70, 80, 90…

Benjamin Rosenthal

 

O Brasil está bem no Global Ageing Index, mas as melhorias serão conquistas lentas

Uma das entidades mais respeitadas no estudo e propagação de conhecimento sobre o envelhecimento mundial e que trabalha para melhorar as condições de vida dessa parcela da população é a ONG AgeWatch.

Em 2013 foi elaborado o Índex de Envelhecimento Global, que visa medir por país as condições de vida em 4 grandes tópicos fundamentais ao bom envelhecimento (aquele em que existe qualidade de vida). Os quatro grandes tópicos são: segurança na renda, saúde, emprego e educação e ambiente propício. Em termos gerais o Brasil se coloca em 31o lugar, mas dentro das 4 categorias oscilamos bastante.

A categoria renda é formada pela suficiência (autonomia) de meios, provida pelo sistemas previdenciário e pela poupança individual e se manifesta em taxas relativas de pobreza na velhice, sendo também função do PIB per capta. A Suécia celebra esse ano seu centenário com um sistema universal de pensão e a Noruega possui o mesmo sistema desde 1937. O Brasil tem um bom sistema, o que o coloca em 12o lugar no mundo nesse quesito. Mas a sustentabilidade desse sistema nos atuais moldes não nos parece viável.

A categoria saúde está ligada à expectativa de vida (com saúde) e à sensação psicológica de bem estar. Os líderes nesse quesito são Suíça e Canadá. O Brasil fica em 41o lugar. Todos sabemos a razão.

A categoria emprego e educação é formada pela taxa de emprego de pessoas com mais de 60 anos e pelo nível de educação que essa população possui, um fator que influencia positivamente o primeiro. Essa categoria é liderada por Noruega e EUA. O Brasil fica em mero 68o lugar. Temos um enorme desafio nesses temas.

Por fim a categoria ambiente propício é formada pelo nível de conexões sociais, pela segurança física, pelas liberdades civis e pelo acesso a transporte de qualidade. Noruega e Áustria lideram o ranking e é interessante notar que mesmo países pobres e populosos como a Tailândia conseguem performar bem nesse quesito difícil. O Brasil encontra-se em 40o lugar nessa categoria. Políticas públicas e cidades amigas do idoso são uma das direções mais necessárias.

Veja mais sobre o assunto no ótimo site da Help Age.

Benjamin Rosenthal

Referencia:

http://www.helpage.org/global-agewatch/

© Copyright GAGARIN