Planejando o velho que serei

Postado em 16 de dez de 2013

Olhar tantas pessoas colocando suas fotos de criança (ou dos filhos) quando passou o 12 de outubro me alegrou. Sou saudosista e guardo as maiores lembranças de uma época feliz da vida.

Mas não pude deixar de notar que, quando se passou o dia do idoso, muito menos pessoas colocaram as fotos de seus avôs e avós. Isso não é uma crítica, quem sou eu para dizer o que é certo ou errado, raramente adoto posturas morais diante de pessoas, sou falho demais para isso. Também não coloquei uma foto dos meus…

Minha intenção é outra – é entender porque isso acontece. Da mesma forma que o novo nos encanta, que uma criança desperta o melhor em nós, o velho nos assusta e dele nos afastamos. A conceituação desse movimento de afastamento pode ser buscada no Ageismo – um termo criado para explicar e denunciar o preconceito que temos diante do velho e do envelhecimento.

Uma história que adoro é contada por Gullette (2004). Em uma exposição (Face Aging) um software simulava como seria uma pessoa na evolução biológica de sua vida, aos 20, 30, 40, 50 e 60 anos (depois o software para, talvez para não estragar a exposição…). A uma criança foi perguntado “o que você achou disso?”. Sua resposta, típica das crianças, foi “eu não quero envelhecer!”.

Como isso não é possível (e nem desejável), devemos nos acostumar com os velhos que seremos, devemos preparar esse velho para viver bem e devemos nos encantar com eles, afinal vai ser do que fizermos hoje que chegaremos até eles. A velhice não apenas chega, ela pode ser preparada, ainda que jamais controlada (há o acaso…).

Assim, eu deixo aqui uma foto – é a de Roger Allsopp, um ex-cirurgião já aposentado que em 2011 se tornou o nadador mais velho a cruzar o canal da mancha, em 17 horas e 51 minutos. Que em 2014 eu volte a ser um nadador mais ativo. E reflita e me prepare melhor para meus 70, 80, 90…

Benjamin Rosenthal