When I Met my Sweet Loraine
Postado em 06 de set de 2013
Hoje eu vou falar de amor, somente de amor (que falta que faz o Tim Maia…) e abordar um lado inevitável do envelhecimento humano – teremos que conviver com pessoas que se casam e vivem juntos por mais de 50, 60, 70 anos. Que admiração, que inveja de tanto amor…
Se tem algo que eu gosto ao conversar com casais maduros é notar que eles se completam, se continuam, suas conversas são naturalmente fáceis, encaixadas, a cumplicidade é explícita, afinal são 40, 50, 60 anos juntos.
Entre casais mais maduros reduz-se o papel do indivíduo e aumenta o do casal. Um faz parte do outro (alguns chamam isso de self estendido). Viagem de férias? Decidem juntos. Supermercado e feira? Cada um assume um papel em uma engrenagem que é conjuntamente negociada. Investimentos? Ela opina ou define o perfil da aplicação, não duvide disso. Roupas? “Ela já sabe o que eu gosto”. Ele? Nunca aprenderá…
Quando um se vai? Aí depende. Muitos se afundam, homens principalmente. Entristecem, perderam uma parte da vida. A parte mais importante. Outros se reconstroem, se reinventam, mulheres principalmente.
Segundo o IBGE (PNAD), as taxas de separação caem com o passar dos anos. Dos 50 aos 59 anos ela é de 11%. Para quem tem de 60 a 69 anos, desce para 9%. Na fase dos 70 anos fica em 5%. Depois dos 80 anos apenas 2% se separam. Ainda pesquisarei os porquês desses poucos oitentões e oitentonas tão ávidos por novidade conjugal…
Nas relações afetivas os casais maduros parecem vir de Marte, de um lugar qualquer em que as relações são estáveis, eles ainda são casais modernos em um mundo pós moderno de relações liquidas.
Nessa semana Fred Stobaugh entrou para o top 10 da iTunes Store com uma música feita em homenagem à sua esposa, falecida um mês antes. Sweet Loraine, como na música de Nat King Cole, composta pelo jovem e apaixonado Fred, 96 anos, para a doce Loraine, 91. Em algum lugar ela deve ter escutado e apenas comprovado que os 73 anos de casados fizeram sentido.
Bauman, fique com essa: o passar dos anos torna os amores bastante sólidos.
Benjamin Rosenthal